quinta-feira, 21 de abril de 2011

21 DE ABRIL - TIRADENTES E A INCONFIDÊNCIA MINEIRA



A Inconfidência Mineira foi o primeiro movimento de rebeldia a questionar o Pacto Colonial. Como pano de fundo desse acontecimento, estão os pesados tributos impostos aos colonos, desde a administração pombalina (1750), numa fase de vertiginosa decadência da produção aurífera.
Com Pombal ficara estabelecido que a população de Minas deveria pagar anualmente o quinto, equivalente a 1.500 kg de ouro. Caso não fosse possível a arrecadação dessa quantia, a diferença deveria ser paga como o confisco de bens privados, recorrendo-se para isso ao emprego das tropas portuguesas na capitania. Era a instituição a derrama, mecanismo brutal de coleta de impostos que passou a vigorar a partir de 1765.
Em 1789, a crise da mineração tornava insustentáveis as exigências da metrópole. A capitania de Minas devia à Coroa cerca de 600 arrobas de ouro. A iminência de uma derrama colocava a população de sobressalto.
Esse descontentamento gerou uma situação de grande receptividade aos ideais propagados pela independência dos Estados Unidos e pelos filósofos iluministas franceses. Esse componente político-ideológico era difundido na colônia pelo intelectuais da elite de mineradores instruídos nas universidades européias.
Nessas condições, conspirava-se em todos os recantos das Minas. O sentimento de revolta era compartilhado por mineradores, comerciantes, militares, artesãos, funcionários da administração portuguesa, poetas, advogados e clérigos.
Vislumbravam como objetivo a ruptura com a metrópole e a proclamação da República. Pretendiam também fundar uma universidade em Vila Rica, instalar manufaturas de tecidos e aproveitar o ferro e o salitre existentes na região. Divergiam os conspiradores em apenas uma questão: a escravidão. Uma minoria era favorável à sua extinção imediata.
Para a liderança, a rebelião deveria ser deflagrada no momento de decretação da derrama, quando a insatisfação popular atingiria o auge. Descoberta por um ato de delação, a revolta não chegou a ser desencadeada. O governador da capitania, visconde de Barbacena, agiu com a violência tradicional, característica das autoridades coloniais.
O mais popular participante da conspiração, o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, chamado “Tiradentes” (em função da profissão de dentista prático), único a assumir a responsabilidade do movimento, foi condenado à morte e executado em 21 de abril de 1792. Intelectuais como Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga e outros foram deportados para a África. Cláudio Manuel da Costa, narram os autos do processo, suicidou-se no cárcere.

O historiador Sérgio Buarque de Holanda, avaliando o significado histórico do movimento, sentenciou: “A falta de consistência ideológica não invalida o significado da Inconfidência Mineira. Era um sintoma da desagregação do império português na América. A Coroa portuguesa bem o sentiu e tentou, por um castigo exemplar, deter a marcha do processamento histórico e impedir, pelo terror, que seus domínios seguissem o exemplo da América inglesa. Refletia, por outro lado, os impulsos de um povo que tomava consciência de sua realidade, suas particularidades e suas possibilidades. Nesse sentido foi nacionalista. Pode-se, portanto, considerá-la, sem restrição, um movimento precursor da Independência do Brasil”

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